A realidade virtual da UNILEVER

SÃO PAULO - Gonzalo Esposto conta como tecnologias de rastreamento ocular e realidade virtual ajudam a empresa a vender mais

Quem entra no centro de inovação da Unilever, em São Paulo, depara-se com uma sala de cinema com algumas fileiras de poltronas. As luzes se apagam e a tela se transforma num supermercado, com gôndolas cheias de produtos da Unilever. Trata-se de uma sala para simulação de ambientes com realidade virtual. Foi nesse ambiente que Gonzalo Esposto, vicepresidente de TI da Unilever para as Américas, falou à INFO sobre o impacto de tecnologia nos negócios. Nascido no Uruguai, Esposto, de 46 anos, lidera 250 profissionais em 19 países. Ele gerencia um orçamento de 35 bilhões de reais por ano — 30% dos gastos globais com TI da Unilever. Em sua área estão as duas maiores operações da empresa no mundo: Estados Unidos e Brasil.

INFO - Qual é a finalidade do novo centro de inovações?
GONZALO ESPOSTO - Ele é o exemplo perfeito de aplicação de tecnologia a estratégias comerciais. Nele, os times de marketing podem se sentar com seus clientes — os supermercados, redes de drogarias e varejistas — para descobrir a estratégia de vendas mais eficaz para um grupo de produtos. Temos, aqui, a simulação de um ambiente de supermercado, com muito realismo, graças à estrutura de realidade virtual. Consumidores são convidados a passear por esse ambiente.

INFO - O que é possível descobrir nesse ambiente virtual?
ESPOSTO - Usamos uma tecnologia de rastreamento ocular. Um dispositivo segue o olhar do consumidor, identificando seus movimentos oculares. Ele determina quais locais chamaram a atenção do consumidor primeiro e em qual área da gôndola ele deteve o olhar por mais tempo. Com base nesse mapeamento, o time de marketing vai, junto com o cliente, definir a melhor forma de organizar esse espaço. Fotografamos a loja e montamos o ambiente de realidade virtual similar ao espaço real da empresa. Com o recurso de realidade virtual, mostramos como ficariam diferentes tipos de display na loja dele. Assim, ele pode visualizar opções em acrílico transparente, metal e papel, por exemplo, antes de encomendar a campanha.

INFO - E o que é o Media Lab, que também acaba de ser criado?
ESPOSTO - O objetivo do Media Lab é testar a exposição das marcas da Unilever e de campanhas publicitárias em diferentes mídias digitais. Queremos entender a experiência que o consumidor terá quando estiver acessando nosso conteúdo via celular, tablet, jogos e redes sociais. Apple, Microsoft, Nintendo e Sony são alguns de nossos parceiros nesse laboratório.

INFO - Você trabalha na Unilever há 25 anos. Quais foram seus maiores desafios na empresa?
ESPOSTO - Tecnologia a gente compra. O desafio é gerenciar pessoas e processos. Uma mudança importante por que passamos foi com a adoção do Itil, em 2002. Antes disso, nós, da TI, éramos muito arrogantes. Íamos às áreas de negócio e dizíamos o que elas tinham de fazer e como. Mas nós gerenciávamos a TI sem processo algum. Com o Itil, chegou a nossa hora de sofrer.

INFO - Vocês têm muita terceirização em TI?
ESPOSTO - Sim, muita. As escolhas são feitas caso a caso. As terceirizações que fizemos mudaram os processos e a vida dos funcionários para melhor. As pessoas que foram para os parceiros técnicos estão melhor em suas carreiras. Afinal, elas não atuavam nas áreas centrais ao negócio da empresa.

INFO - Quais são seus principais fornecedores?
ESPOSTO - Temos servidores de aplicações e data center da HP. Nosso ERP é SAP. Em telecomunicações temos um contrato mundial com a British Telecom. A Accenture faz a manutenção dos principais sistemas. E a estrutura cliente-servidor é da Unisys.

INFO - O programa de sustentabilidade da empresa já chegou à TI?
ESPOSTO - Sim, temos várias iniciativas. Fizemos virtualização para reduzir consumo de energia. O datacenter de Atlanta, nos Estados Unidos, foi projetado obedecendo a critérios de sustentabilidade, principalmente sobre o uso de energia. Implantamos gerenciamento de impressão, em que o usuário precisa usar um código para imprimir. Com isso, reduzimos em 60% o número de impressões no Brasil.

INFO - Como é a política de acesso à internet pelos funcionários?
ESPOSTO - O acesso à internet é liberado. Temos filtros para o que não é adequado, mas contamos com o bom senso do usuário. A topologia de rede é diferenciada. A infraestrutura que suporta e-mail e qualquer tipo de acesso à web não é a mesma que suporta o SAP. Não corremos o risco de deixar de faturar só porque muita gente decidiu acessar o YouTube ao mesmo tempo.



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