Estou cansada de ouvir por aí frases como “essa geração lê cada vez menos”, “o Google está nos tornando burros” ou “pensamos cada vez menos porque a tecnologia tornou tudo mais fácil”. Ok, grande parte desta discussão orbita em torno de uma incontestável verdade: a internet revolucionou a forma como produzimos e temos acesso ao conhecimento. Isso é fato.
Porém, seria isso uma coisa tão negativa assim? Estaríamos condenados a ser uma geração marcada pela “preguiça intelectual”, que com um simples clique resolve todos os problemas? Eu sinceramente não acredito nisso. Certamente, nossa geração está vivendo um momento único na história. Nós somos os agentes dessa transformação, estamos presenciando e fazendo parte de uma revolução em todos os níveis do que conhecemos como sociedade. E, obviamente, não podemos permanecer ilesos a isso tudo.
Nossa geração presenciou a internet adentrando os mais diversos setores da sociedade e mudando muito rapidamente a forma como nos relacionamos com os demais. Nós tivemos de nos atualizar. Nós tivemos que “correr” para acompanhar as transformações tecnológicas para não sermos esmagados por elas. Nós tivemos que aprender fazendo, em meio a um mar de possibilidades, pinçando o que de fato era importante para nós. E ainda estamos aprendendo.
E quanto ao “mito” de que, após o advento da internet, temos lido cada vez menos, na realidade acontece justamente o contrário. Hoje nós lemos muito mais do que antigamente, até mesmo porque temos acesso a muito mais conteúdo em um menor espaço de tempo. A diferença é que temos uma menor profundidade na leitura, ou seja, acessamos muitos conteúdos e nos aprofundamos menos em cada um deles.
Atualmente, tendemos a ser cada vez mais “multitarefa”, realizando diversas atividades ao mesmo tempo. Especialmente os jovens, a chamada geração Y, se encaixam nessa forma de funcionamento e sofrem com o estigma da “preguiça intelectual”. Não se trata de dizer que toda essa revolução só tem pontos positivos. Certamente o nosso cérebro ainda não tem condições de absorver a totalidade de mudanças que temos enfrentado, bem como lidar de forma adequada com a imensa quantidade de estímulos e a velocidade frenética das transformações, especialmente desencadeadas pela tecnologia.  
Recentemente foi publicado um estudo feito com jovens alunos da Universidade de Stanford (EUA) que indicou que os mais “multitarefas” tinham mais dificuldade em realizar atividades que exigiam dos participantes capacidade de ignorar estímulos irrelevantes, armazenar e organizar informações e - pasmem! - mudar rapidamente o foco de atenção em comparação com aqueles que não costumavam ser “multitarefas”.
Em outra pesquisa, cientistas chegaram à conclusão de que o nosso cérebro “se divide” para executar várias tarefas ao mesmo tempo e que, ao realizar mais de três tarefas simultaneamente, a pessoa acaba por perder o controle sobre uma delas. Isso explica porque é tão difícil ser multitarefa.
Como estes, diversos outros estudos ainda irão surgir demonstrando prós e contras dos efeitos das atividades modernas em nosso cérebro. Entretanto, sendo o cérebro humano tão incrível e dotado de tão fantástica capacidade de adaptação, não estaria ele se adaptando a esta nova forma de funcionamento? 
A mudança de paradigma trazida pela internet está aí e não se pode voltar atrás. Ela já mudou nossa forma de acessar o conhecimento. Resta-nos, agora, deixar de lado o preconceito de quem teme o novo e abrir os braços - e a mente! - para as fantásticas oportunidades que se abrem todos os dias nesse mar de informação e relacionamentos que é a internet e confiar que nosso cérebro irá acompanhar estes avanços. Eu acredito nisso, e você?
 

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