O crescimento do consumo colaborativo

O crescimento das mídias sociais, do uso da internet e da colaboração é um fato inegável atualmente. Coincidentemente, hoje mesmo o case da Americanas subornando clientes mostra como as antigas e rígidas relações entre grandes empresas e consumidores está mudando. O mais curioso é que de forma – quem sabe – ingênua, acreditamos que toda este novo modo de comportamento se deu exclusivamente devido à ascensão das redes e mídias sociais.

Uma excelente tese da pesquisadora Rachel Bostman, coautora do livro “What is Mine What is Yours: The Rise of Collaborative Consumption” e apresentada no TEDx Sydney, aponta para uma estrutura mais complexa e ampla que deu origem ao consumo e comportamento colaborativo entre as pessoas.


A internet está colaborando para mudarmos não apenas o que consumimos, mas como fazemos isso. Rachel inicia sua hipótese com o seguinte exemplo: você comprou um DVD de uma série que ama, mas depois de assisti-lo por duas ou três vezes, o disco fica em sua prateleira sem utilidade alguma. Por outro lado, você está morrendo de vontade de assistir a um filme recém-lançado em DVD. Até a alguns anos, a única alternativa era manter o DVD séria na prateleira e comprar o DVD do filme.

No entanto, uma nova tendência está surgindo e com muita força, o que Rachel chama de “Swap Trading”. Movido por sites como o Swap, a “economia da coincidência dos quereres” começa a ganhar vida.  Este tipo de economia movimenta os comportamentos cooperativos e fomenta uma mecânica de confiança presente neste tipo de relação, onde a reputação ganha espaço como uma nova moeda.
Fonte: Swap.com

De forma simples, o Swap Trading é trocar o que eu não uso mais por algo que eu esteja precisando. Metaforicamente, quando você trocava figurinhas repetidas no colégio já estava praticando algo parecido. No entanto, com a Internet, as trocas são globais e pessoas de qualquer lugar do planeta podem trocar itens e saciar suas necessidades de consumo, sem necessariamente consumir.

A Aldeia Global (já apontada por McLuhan) se tornou mais real, próxima e está movendo as pessoas a voltarem à era da barganha, onde as trocas estão colaborando para o aumento da confiança entre os indivíduos. Segundo Rachel, é “uma economia onde o que é meu é seu”.

O que está impulsionando este consumo?

De acordo com Rachel, uma das fontes da ruptura entre o modelo de consumo tradicional do passado – onde mais é melhor – com o colaborativo são as novas gerações. Gerações que nasceram compartilhando músicas, fotos, emoticons ou toques de celular, estão puxando as outras gerações para fora da cultura do “Eu”. Tudo bem, é um processo quase imperceptível, mas algo está mudando e transformações comportamentais levam certo tempo.

Além das gerações, Rachel chama atenção para outro ponto de ruptura: a crise mundial de 2008. Países ricos e reconhecidamente consumistas tiveram que lidar com dois pontos importantes: natureza e mercado. Ambos disseram chega e a necessidade de adaptação movimentou quatro forças:

A renovação da importância da comunidade. Valorização das pessoas ao seu redor, como uma forma de sobrevivência e obtenção de apoio durante a crise.

Redes Sociais e Tecnologias em tempo real, onde o compartilhamento de informações se tornou rápido, fácil e mais barato.

Problemas ambientais e uma necessidade de mudança nas formas de consumo.

A crise que abalou o antigo comportamento de consumo abastecido desde meados do século XX.

Estes quatro pontos vêm se misturando e construindo o consumo colaborativo onde a posse, está dando lugar as necessidade e as experiências.  Esta tende a ser a nova forma de consumir do século XXI.

Fonte: Free Digital Foto

Modelos de consumo colaborativo

O consumo colaborativo existe basicamente em três formatos:

1) Mercado de Redistribuição: um produto sem valor em determinado lugar, é levado para outro onde pode ser reusado. A campanha do agasalho, por exemplo, ajuda a prolongar a vida útil de produtos, inibindo a necessidade de produção de novos.

2) Estilos de Vida Colaborativos: compartilhamento de coisas seja tempo, dinheiro, conhecimento ou atenção. A Wikipédia e o LandShare são alguns exemplos.

3)  Sistema de Produtos e Serviços: você paga pelo benefício do produto, não por ele. Serviços como os de Video On Demand ou Coworking – onde você usa o espaço – funcionam neste modelo.

Fonte: LandShare

Reputação: a moeda do consumo colaborativo

Em um modelo de consumo de troca, a reputação das pessoas se torna uma das principais moedas. No modelo de consumo atual, não importa se você possui reputação ou não, basta ter dinheiro para pagar pelo o que deseja. Porém, em sites como o Swap, GoGet, Zopa  ou LandShare, reputação é o principal fator levado em consideração na hora de fechar negócios.

Hoje isso é bem visível com as lojas online. Antes de realizar uma compra muitos olham no e-Bit, outros vão ao ReclameAqui ou perguntam em fóruns. As empresas hoje trabalham com reputação, pois querem uma troca: seu dinheiro pelo produto. Na internet deixamos um rastro de quem somos, pois a máxima “você é o que compartilha” mostra o quão confiáveis somos. Como dito anteriormente, todas estas mudanças não parecem tão visíveis, mas já estão acontecendo.

Assista a seguir aqui apresentação fantástica de Rachel Bostman e o Crescimento do consumo colaborativo no TEDx Sydney 2010.

O que você acha deste novo tipo de comportamento? Estaríamos preparados para embarcar nesta ideia de forma espontânea ou já estamos nela?

Fonte: Midiatismo

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